Ciclaveiro
O futuro da mobilidade em bicicleta em Aveiro joga-se agora!

O futuro da mobilidade em bicicleta em Aveiro joga-se agora!

A Ciclaveiro reitera as suas posições previamente comunicadas à autarquia e tornadas públicas a respeito da mobilidade em bicicleta, activa e sustentável nos projectos em curso das intervenções do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano da Cidade de Aveiro (PEDUCA)[1]. Estas posições foram reforçadas pelas preocupações e descontentamento com medidas insuficientes e erros em vários dos projectos PEDUCA, destacados por um significativo número de cidadãos na sessão de apresentação do passado sábado.

Assim, consideramos que urge a autarquia encontrar e apresentar as necessárias soluções para os seguintes pontos:

Por razões mais que evidentes, vias partilhadas entre transportes públicos (veículos pesados) e bicicletas não são uma solução adequada para os diversos tipos de utilizadores de bicicleta em meio urbano. A isso há ainda que somar o erro de projecto de baías de estacionamento automóvel colocadas do lado exterior das referidas vias partilhadas por bicicletas.
O volume de tráfego motorizado na Av. Dr. Lourenço Peixinho, mesmo após o anunciado decréscimo após a intervenção, apenas permitirá a solução de vias exclusivas para bicicleta como medida acertada de promoção desta forma de mobilidade no centro da cidade.
Manter as seis vias – contando com estacionamento – existentes para veículos motorizados, é uma solução inadequada para a renovação que marcará durante décadas a principal avenida e uma montra da cidade de Aveiro.

Continua sem ter sido avançada uma solução para o acesso em bicicleta entre Av. Dr. Lourenço Peixinho – e o centro da cidade – e o Centro Coordenador de Transportes, que evidentemente deverá privilegiar a intermodalidade entre transportes públicos e os modos activos de deslocação.
Será ainda necessário garantir também a continuidade de percursos cómodos e seguros para peões e ciclistas na Praça Gen. Humberto Delgado (Pontes), privilegiando estes modos de deslocação face aos veículos motorizados.

O Parque de Estacionamento de Apoio à Intermodalidade, inserido no Plano de Acção de Mobilidade Urbana Sustentável do PEDUCA, a ser criado do lado nascente da Estação de Comboios, junto ao futuro Centro Coordenador de Transportes, criará cerca de 300 lugares de estacionamento para automóvel. Não foi, no entanto, entre estas duas intervenções, ainda avançada qualquer proposta de criação de parqueamento para bicicletas, quer de curta quer de longa duração, imprescindíveis para a utilização combinada do comboio ou autocarro com a bicicleta.

Para a operação de requalificação da Rua da Pêga, não foi ainda apresentada uma solução para o cruzamento do antigo pavilhão do Beira-Mar que garanta as condições de segurança no atravessamento de peões e ciclistas e a continuidade do percurso ciclável em direcção ao centro da cidade.

 

Lamentamos que continue a não existir por parte dos decisores a vontade e a coragem política de assumir verdadeiras políticas e estratégias integradas para a mobilidade em bicicleta e activa em Aveiro, e estas continuem em grande medida ainda baseadas no paradigma ultrapassado e modelo falido da utilização excessiva do automóvel.

Recordamos que ainda há uns meses, o próprio presidente da Câmara de Aveiro afirmou que 80% das deslocações de carro na cidade são inferiores a 2 km, reconhecendo que muitas delas poderiam ser feitas a pé ou em bicicleta e admitiu que cabe à autarquia criar as condições para que os cidadãos possam adoptar hábitos de mobilidade mais saudáveis e sustentáveis[2].

 

[1] Disponíveis em https://ciclaveiro.wordpress.com/

[2] Diário de Aveiro, 7 de Julho de 2017. (ver notícia)

 

Ciclaveiro – Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta

22 de Março de 2018